Friday, January 4, 2013

Gerundio no trato do cliente

Muitas empresas estão usando atualmente o gerúndio no trato com o cliente. Coisas do tipo: ‘Amanhã estaremos enviando para o senhor…’ e ‘Quando o senhor estiver recebendo, queira por favor estar nos confirmando o recebimento’. Isso pode até ser (ou poderá estar?) gramaticalmente correto, mas não é uma forma antipática de se expressar?”
É antipática e inaceitável.
Já falamos sobre o assunto aqui nesta coluna, mas é sempre bom repetir.
Nós já vimos que o gerúndio, fundamentalmente, indica tempo simultâneo ou ação durativa. Fica totalmente ilógico o uso do gerúndio como se fosse futuro. Em vez de “estaremos enviando”, devemos simplesmente dizer “enviaremos ou vamos enviar”; em vez de “quando o senhor estiver recebendo”, diga “quando o senhor receber” (=futuro do subjuntivo); em vez de “queira por favor estar nos confirmando”, basta “queira nos confirmar” (=infinitivo).

Veja outras regras e observações do uso da vírgula

O uso da vírgula é uma eterna dor de cabeça. Em razão disso, para atender aos insistentes pedidos de muitos leitores, voltamos ao assunto.

Uso da VÍRGULA – Parte 1
Regras práticas:
1ª.- A vírgula deve ser usada para separar ENUMERAÇÕES, TERMOS e ORAÇÕES INDEPENDENTES ENTRE SI (núcleos de um sujeito composto, orações coordenadas assindéticas, termos de uma série não ligados pelo conectivo “e”):
1. O diretor, os assessores e os coordenadores se reuniram ontem à tarde.
(núcleos de um sujeito composto);
2. Eles chegaram cedo, discutiram o assunto, resolveram tudo.
(orações coordenadas assindéticas);
3. Necessitamos adquirir canetas, papel, borrachas, lápis.
(enumeração – termos de uma série).
Observe a importância da vírgula neste caso:
- O presidente compareceu à reunião, acompanhado da secretária, do diretor e do coordenador. (=Ele foi com três pessoas);
- O presidente compareceu à reunião, acompanhado da secretária do diretor e do coordenador. (=Agora ele foi só com duas pessoas – O diretor não foi, e a secretária é a do diretor e não do presidente).
2ª.- A vírgula deve ser evitada antes da conjunção aditiva “e”:
1. O diretor e os assessores se reuniram ontem à tarde.
2. Nesta empresa, os funcionários podem trabalhar e estudar.
Observações:
a) – A vírgula deve ser usada antes da conjunção “e” com valor ADVERSATIVO:
Já são dez horas, e (=mas ) a reunião ainda não terminou.
b) – A vírgula deve ser usada quando o conectivo “e” liga orações com sujeitos diferentes:
Os funcionários reclamavam, e a direção atendeu.
c) – A vírgula pode ser usada quando o conectivo “e” tem valor consecutivo ou enfático:
Os trabalhadores se reuniram, discutiram, e decidiram como agir.
Chegou, e viu, e lutou, e venceu finalmente.
d) – O conectivo “e”, em fim de enumeração, tem o valor de terminalidade:
Foram chamados vários funcionários: João Carlos, Pedro Sousa, Luísa e Cláudio Luís. (=Chamaram só estes quatro);
Foram chamados vários funcionários :João Carlos, Pedro Sousa, Luísa, Cláudio Luís.(=Estes são quatro dos que foram chamados. Pode haver mais)
- Não se usa a vírgula antes do conectivo “ou” (conjunção alternativa):
Não sei se ele trabalha ou estuda.

Uso da VÍRGULA – Parte 2
3ª.- A vírgula deve ser usada antes das conjunções ADVERSATIVAS (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto) e CONCLUSIVAS (logo, portanto, por isso, por conseguinte, então): “Ele sempre se dedicou à empresa, porém nunca foi promovido.” “Ele sempre se dedicou à empresa, por isso será promovido.”
Observações:
a) – As conjunções ADVERSATIVAS e CONCLUSIVAS, quando deslocadas, devem ficar entre vírgulas: “Ele sempre se dedicou à empresa, nunca foi, porém, promovido.” “Ele sempre se dedicou à empresa, será, portanto, promovido.”
b) – A conjunção POIS, com o valor CONCLUSIVO, deve ficar entre vírgulas: “Ele sempre se dedicou à empresa, será, pois, promovido.” (= portanto)
c) – A conjunção POIS, com o valor EXPLICATIVO ou CAUSAL, pode ou não vir antecedida de vírgula: “Ele deverá ser promovido, pois se dedica à empresa.” (= porque)

Uso da VÍRGULA – Parte 3

4ª – A vírgula PODE ser usada para separar a oração principal da subordinada adverbial (causal, concessiva, condicional, final, temporal…): “Ele foi promovido, porque sempre se dedicou à empresa.”(causal); “Ele foi promovido, embora não se dedicasse muito à empresa.”(concessiva); “Eles só será promovido, caso se dedique mais à empresa.”(condicional); “Ele desenvolveu o projeto, conforme nós orientamos.”(conformativa); “Ele tem se dedicado muito, para que possa ser promovido.”(final); “Ele só assinará o contrato, quando receber toda a documentação.”(temporal).
Observações:
a) – A vírgula DEVE ser usada quando a oração adverbial estiver deslocada: “Embora não se dedicasse à empresa, ele foi promovido.” “Solicitamos, caso seja possível, o seu comparecimento a este setor.” “Conforme nos foi solicitado, estamos enviando todos os documentos.” “Os computadores, quando foram introduzidos na empresa, trouxeram várias consequências.”
b) – A vírgula DEVE ser usada quando a oração reduzida* estiver deslocada:
“Encerrado o prazo, adotamos novas medidas.” (reduzida de particípio); “Os representantes, gritando muito, encerraram a reunião.” (reduzida de gerúndio); “Ao reduzir o déficit, pudemos pensar em desenvolvimento.” (reduzida de infinitivo).
* Oração reduzida não apresenta conectivo e o verbo aparece nas formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Uso da VÍRGULA – Parte 4
5ª.- A vírgula DEVE ser usada quando o adjunto adverbial (de tempo, de lugar, de modo…) estiver deslocado: “O técnico analisou o problema no seu último relatório.” (ordem direta – sem vírgula); “No seu último relatório, o técnico analisou o problema.” (adjunto adverbial deslocado); “O técnico, no seu último relatório, analisou o problema.” (adjunto adverbial deslocado).
Observação:
Esta regra não é rígida. A vírgula pode ser omitida, principalmente em frases curtas e com adjuntos pequenos: “Ontem, os representantes visitaram o sindicato.” Ou “Ontem os representantes visitaram o sindicato.”

Uso da VÍRGULA – Parte 5
6ª.- A vírgula deve ser usada quando a oração adjetiva é EXPLICATIVA: “Dr. José Cláudio dos Santos, que é o coordenador do projeto, viajou a São Paulo.” “Nossa empresa, que foi fundada em 1988, já apresenta um alto faturamento.” “A natureza deve ser respeitada pelo homem, que é um ser mortal.” (= todo homem é mortal)
Observações:
a) – O APOSTO EXPLICATIVO também deve ficar entre vírgulas: “O coordenador do projeto, Dr. Paulo Henrique de Assis, viajou a serviço.” (=cargo exclusivo); “Nossa empresa, a maior fabricante de calçados do Brasil, pretende desenvolver outras atividades.”
b) – A vírgula DEVE SER EVITADA quando a oração adjetiva é RESTRITIVA: “Devemos respeitar o homem que trabalha.” (não é todo homem que trabalha); “Não encontrei os documentos que você me enviou.” (aqueles que você me enviou).
Observe a importância da vírgula neste caso: “Os funcionários, que se dedicaram à empresa, devem ser aumentados.” (entre vírgulas – oração EXPLICATIVA = todos se dedicaram e serão aumentados) – “Os funcionários que se dedicaram à empresa devem ser aumentados.” (sem vírgula – oração RESTRITIVA = só os que se dedicaram devem ser aumentados).

7ª.- A vírgula deve ser usada para separar o VOCATIVO (expressão de chamamento): “Deve, Sr. Presidente, confiar nestas ideias.” “Meus caros amigos, não sei se fui claro.”
Observe a importância da vírgula: “Dr. José Carlos vem aqui. (sem vírgula – é uma afirmação) – “Dr. José Carlos, vem aqui.” (com vírgula – é um chamamento)
Observações:
Não devemos separar com vírgula:
a) SUJEITO e VERBO: “Os computadores podem acarretar duas consequências.”
b) VERBO e COMPLEMENTOS: “Os computadores podem acarretar duas consequências.” “Comunicamos aos presentes a chegada do Diretor.”
c) ORAÇÃO PRINCIPAL e ORAÇÃO OBJETIVA: “Ele disse que não viria.” “Não sabemos quando eles voltaram.” “Solicitamos a V.Sa. que permaneça na sala.”

Uso da VÍRGULA – Parte 6
8ª.- A vírgula deve ser usada para separar os incisos explicativos, retificativos ou continuativos (por exemplo, ou melhor, isto é, a saber, ou antes, aliás, digo, por assim dizer, além disso…): “O gerente era muito respeitado, ou melhor, muito temido.” “Ele deve, por exemplo, ouvir mais os seus funcionários.”

9ª.- A vírgula deve ser usada para separar orações intercaladas: “Só o presidente, creio eu, pode resolver este caso.” “A diretoria, convém lembrar, não se reúne há três meses.”

10ª.- A vírgula deve ser usada para separar termos deslocados: “A sala, acredito que já tenha sido alugada.” (acredito que a sala já tenha sido alugada); “Os inspetores, parece que não chegaram.” (parece que os inspetores não chegaram).
Observações:
a) A vírgula também deve ser usada em caso de PLEONASMO ou ANACOLUTO.
1 – Aos empregados, o nosso sucesso lhes devemos. (Pleonasmo=repetição);
2 – Dinheiro, quem não está precisando disto? (Anacoluto).

11ª.- A vírgula pode ser usada também para marcar a supressão do verbo: “Tu buscas a terra e eu, os céus.” (busco); “Ele não nos entende nem nós, a ele.” (entendemos).

12ª.- A vírgula deve ser usada para separar o nome da localidade nas datas: ”Rio de Janeiro, 9 de setembro de 2012.

Você sabe qual é o plural de ‘mulherzinha’? E de ‘balãozinho’?


E as “rapidinhas” estão de volta.

1. “Mulherzinhas ou mulherezinhas?”

O plural das palavras cujo diminutivo é feito com o sufixo “zinho” deve obedecer à seguinte regra: 1o) pôr a palavra primitiva no plural (sem o “s”); 2o) acrescentar o sufixo “zinho” mais o “s”.

Observe o esquema: papelzinho – papei+zinho+s = papeizinhos; balãozinho – balõe+zinho+s = balõezinhos; animalzinho – animai+zinho+s = animaizinhos; florzinha – flore+zinha+s = florezinhas.

Assim sendo, segundo a regra, o plural de mulherzinha seria mulherezinhas (mulhere+zinha+s).

Devido ao uso consagrado, entretanto, é aceitável também a forma mulherzinhas. Isso vale para as palavras terminadas em R: florezinhas ou florzinhas, mulherezinhas ou mulherzinhas, barezinhos ou barzinhos, melhorezinhos ou melhorzinhos…

2. “Luzinhas ou luzezinhas?”

No caso das palavras luzinha e cruzinha, o sufixo para o diminutivo é “inho” (a letra “z” pertence à raiz da palavra). Não se aplica, portanto, a regra acima. Basta pôr a desinência “s”: luzinhas e cruzinhas.

3. “Ultrasonografia tem um ou dois esses?”

Segundo o novo acordo ortográfico, quando usamos prefixos dissílabos terminados em vogal (auto, contra, extra, anti, sobre, mini, tele, micro, ultra…), só usamos hífen se a palavra seguinte começa por “h” ou vogais iguais: auto-hipnose, auto-observação, contra-ataque, anti-inflamatório, sobre-erguer, mini-internato, mini-hospital, micro-ondas…

O correto, portanto, é sem hífen: ultrassonografia, com dois esses para manter o som de /s/. Um esse entre duas vogais tem som de /z/.

4. “A palavra meio só varia quando for um adjetivo?”

A palavra meio só varia quando significa “metade”. Em geral, é numeral: “Comeu meia banana”; “Só leu meia página”; “Bebeu uma garrafa e meia de cerveja”; “É meio-dia e meia”. Pode ser adjetivo também: “Disse meias verdades”.

5. “Qual é o plural da palavra modem?”

A palavra modem vem de MODulador/DEModulador. Deve seguir o plural das palavras terminadas em “em”: jovem – jovens; ordem – ordens; homem – homens; modem – modens.

6. “Tem de ou tem que ser feito algo?”

Tanto faz. Em textos mais formais, prefiro “tem de”; em textos mais coloquiais, prefiro “tem que”. As duas formas são aceitáveis.

7. “Comunicamo-lhe ou comunicamos-lhe?”

O uso do pronome “lhe” em ênclise não afeta a forma verbal. Assim sendo, não cortamos o “s”. O certo é “comunicamos-lhe”. Cortamos o “s” quando usamos o pronome “nos”: encontramo-nos, reunimo-nos.

8. “Isso é um problema entre eu e o Pedro OU entre o Pedro e eu?”

Nem uma coisa nem outra. O correto é dizer “entre mim e o Pedro” ou “entre o Pedro e mim”. Por não ser o sujeito da oração, devemos usar o pronome oblíquo tônico (mim) em vez do pronome reto (eu).

9. “Quando podemos utilizar o verbo haver no plural?”

O verbo haver deve ser usado somente no singular quando significa “existir, ocorrer, acontecer” ou quando se refere a “tempo decorrido”: “Haverá muitas pessoas na reunião”; “Houve alguns incidentes”; “Havia dez anos que não nos víamos”.

Em outras situações, o plural é correto: “Os auditores se houveram bem no seu trabalho”; “Os dirigentes houveram por bem adiar a reunião”.

10. “Tudo que fizerem ou tudo o que fizerem?”

Tanto faz. O uso do pronome “o” não é obrigatório. Sem o pronome “o”, o pronome relativo “que” substitui o pronome indefinido “tudo”. Com o pronome “o”, é como se disséssemos “tudo aquilo que fizerem”. Nesse caso, o pronome relativo substitui “tudo aquilo”.

Crítica do leitor

Deu nesta coluna: “É interessante observar a discordância no primeiro caso: para a ABL é choparia; para o Aurélio é choperia. Proponho um chope para discutirmos o assunto.”

Comentário do leitor: “Acho que o senhor incorreu em algo que detesta: reduzir fatos linguísticos a discussões simplistas do tipo certo ou errado. Se ambos os sufixos têm vida corrente na língua, com função e significados idênticos, resta comprovar se a aplicação, escolha ou preferência de um sufixo em relação ao outro, na composição de determinadas palavras, é arbitrária ou resulta de condicionamentos morfofonéticos ou semânticos. A eufonia é que deve, provavelmente, ditar a escolha/exclusão de um ou outro sufixo. Fora isso, nada obstaria, a nosso ver, que se registrassem as duas grafias: uma como variante da outra.”

Também acho. Nada contra choparia ou choperia. Importante mesmo é o chope. Propus o chope exatamente porque não vejo motivo para optar por um e considerar o outro um “erro”. Por que não aceitar as duas formas?

Saiba quando se deve usar a crase

Diante de nomes de lugar


Vou a ou à Brasília? Vou a ou à Bahia?
O certo é: “Vou a Brasília” e “Vou à Bahia”.
Por que só ocorre crase no segundo caso?
Quando vamos, sempre vamos a algum lugar. O verbo IR pede a preposição “a. O problema é que o nome do lugar aonde vamos às vezes vem antecedido de artigo definido “a”, às vezes não.
Enquanto Brasília não admite artigo definido, a Bahia é antecedida do artigo definido “a. Isso significa que você “VAI À BAHIA” (=preposição “a” do verbo IR + artigo definido “a” que antecede a Bahia) e que você “VAI A BRASÍLIA” (=sem crase, porque só há a preposição “a” do verbo IR).
Se você quer saber com mais rapidez se deve IR À ou A algum lugar (com ou sem o acento da crase), use o seguinte “macete”:
Antes de IR, VOLTE.
Se você volta “DA”, significa que há artigo: você vai “À”;
Se você volta “DE”, significa que não há artigo: você vai “A”.
Exemplos:
“Você volta DA Bahia” > “Você vai à Bahia.”
“Você volta DE Brasília” > “Você vai a Brasília.”
Vamos testar o “macete” em outros exemplos:
“Vou à China.” (=volto DA China)
“Vou a Israel.” (=volto DE Israel)
“Vou à Paraíba.” (=volto DA Paraíba)
“Vou a Goiás.” (=volto DE Goiás)
“Vou a Curitiba.” (=volto DE Curitiba)
“Vou à progressista Curitiba.” (=volto DA progressista Curitiba)
“Vou à Barra da Tijuca.” (=volto DA Barra da Tijuca)
“Vou a Botafogo.” (=volto DE Botafogo)
No Rio de Janeiro, a linha 1 do nosso metrô é bem interessante: só ocorre crase num caso:
“Vou à Tijuca.” (=volto DA Tijuca);
“Vou a Ipanema.” (=volto DE Ipanema).
É importante lembrar que este “macete” não se aplica a todos os casos de crase. Na verdade, ele resolve o problema das “viagens”: IR à ou a, DIRIGIR-SE à ou a, VIAJAR à ou a, CHEGAR à ou a
Vamos testar o “macete”.
“Uma estrada liga a Suíça a Itália; outra liga a Espanha a Portugal.”
Em que “estrada” ocorre crase?
Você acertou se respondeu a primeira. Por quê?
Porque só há artigo definido antes da Itália. Observe o “macete”: “volto DA Itália” e “volto DE Portugal”. Portanto: “Uma estrada liga a Suíça à Itália; outra liga a Espanha a Portugal.”

Vou à ou a Roma? Vou à ou a antiga Roma?
O certo é: “Vou a Roma” e “Vou à antiga Roma”.
Podemos usar o “macete” do verbo VOLTAR:
“Volto DE Roma” e “Volto DA antiga Roma”.
Observe que não há artigo antes de Roma. O artigo aparece se houver um adjetivo ou termo equivalente:
“Vou a Paris.” (=volto DE Paris)
“Vou à Paris dos meus sonhos.” (=volto DA Paris dos meus sonhos)
“Vou a Porto Alegre.” (=volto DE Porto Alegre)
“Vou à bela Porto Alegre.” (=volto DA bela Porto Alegre)
“Vou a Londres.” (=volto DE Londres)
“Vou à Londres do Big Ben.” (=volto DA Londres do Big Ben)

Uso correto da crase

1. Vou à ou a terra?
O certo é: “Vou a terra.” A palavra TERRA, no sentido de “terra firme, chão” (= oposto de bordo), não recebe artigo definido, logo não haverá crase.
Observe o macete: “volto DE terra”.
Ao viajar de avião, podemos observar a ausência do artigo definido antes da palavra TERRA (=terra firme). Quando o avião está aterrissando, uma das comissárias de bordo vai ao microfone e diz: “Para voos de conexão e mais informações, procure o nosso pessoal em terra.” Por que não na terra? Porque é em terra firme, e não no planeta Terra. Em outras palavras, o que ela quer dizer é o seguinte: “Não me chateie a bordo do avião, vá ao balcão da companhia no aeroporto.”
Qualquer outra TERRA, inclusive o planeta Terra, recebe o artigo definido. Portanto, haverá crase:
“Vou à terra dos meus avós.” (=volto DA terra dos meus avós)
“Cheguei à terra natal.” (=volto DA terra natal)
“Ele se referiu à Terra.” (=volto DA Terra / do planeta Terra)
Observe a diferença:
“Depois de tantos dias no mar, chegamos a terra.” (=terra firme)
“Depois de tantos dias no mar, chegamos à terra procurada.”

2. Vou à ou a casa?
O certo é: “Vou a casa.” A sua própria casa não “merece” artigo definido.
Observe: Se “você vem DE casa” ou se “você ficou EM casa”, só pode ser a sua própria casa.
Qualquer outra casa vem antecedida de artigo definido. Isso significa que haverá crase:
“Vou à casa dos meus pais.” (=volto DA casa dos meus pais)
“Vou à casa de Angra.” (=volto DA casa de Angra)
“Vou à casa José Silva.” (=volto DA casa José Silva)
“Vou à casa do vizinho.” (=volto DA casa do vizinho)
“Vou à casa dela.” (=volto DA casa dela)
Não haverá crase somente quando a palavra CASA estiver sem nenhum adjunto:
“Ele ainda não retornou a casa desde aquele dia.”

Veja quando há mais de uma resposta para o uso da crase

1. Vou à ou a minha casa?
Tanto faz. É um caso facultativo. Pode haver crase ou não. A diferença é a presença do pronome possessivo minha antes da casa. Antes de pronomes possessivos é facultativo o uso do artigo; sendo assim, facultativo também será o uso do acento da crase: “Vou a ou à minha casa.”; “Fez referência a ou à tua empresa.”; “Estamos a ou à sua disposição.”
O uso do acento da crase só é facultativo antes de pronomes possessivos femininos no singular (=minha, tua, sua, nossa, vossa).
Se for masculino, não há crase: “Ele veio a ou ao meu apartamento”; “Estamos a ou ao seu dispor.”
Se estiver no plural,
a) haverá crase (preposição a + artigo plural as): “Fez referência às minhas ideias.”; “Fez alusão às suas poesias.”
b) não haverá crase (preposição a, sem artigo definido): “Fez referências a minhas ideias.”; “Fez alusão a suas ideias.”
2. Ele se referiu à ou a Cláudia?
Tanto faz. É outro caso facultativo.
Antes de nomes de pessoas, o uso do artigo definido é facultativo. Portanto, em se tratando de nome de mulher, pode ou não ocorrer a crase.
Quando se trata de pessoas que façam parte do nosso círculo de amizades, com as quais temos uma certa intimidade, usamos artigo definido. Isso significa que devemos usar o acento da crase: “Refiro-me à Cláudia.” (=pessoa amiga)
Quando se trata de pessoas com as quais não temos nenhuma intimidade, não há o acento da crase porque não usamos artigo definido antes de nomes de pessoas desconhecidas ou não amigas: “Refiro-me a Cláudia.” (=pessoa desconhecida ou não amiga)
Antes de nomes próprios de pessoas célebres não se usa artigo definido. Isso significa que não haverá acento da crase: “Ele fez referência a Joana d’Arc.”; “Fizeram alusão a Cleópatra.”

Crase não é acento! Conheça os macetes para não errar

Você sabia que CRASE não é acento? Crase é a fusão de duas vogais iguais, é a contração de dois “aa”. Acento grave (`) é o sinal que indica a crase (a + a = à).
Para haver crase, é necessário que existam dois “aa”. O primeiro a é preposição; o segundo pode ser:

1) artigo definido (a/as):
“Ele se referiu a (preposição) + a (artigo) carta.” = “Ele se referiu à carta.”
“Ele entregou o documento a (preposição) + as (artigo) professoras.” = “Ele entregou o documento às professoras.”

2) pronome demonstrativo (a/as):
“Sua camisa é igual a (preposição) + a (pronome = a camisa) do meu pai.” = “Sua camisa é igual à do meu pai.”
“Ele fez referência a (preposição) + as (pronome = aquelas) que saíram.” = “Ele fez referência às que saíram.”

3) vogal a inicial dos pronomes aquele, aqueles, aquela, aquelas e aquilo:
“Ele se referiu a (preposição) + aquele livro.” = “Ele se referiu àquele livro.”
“Ele fez alusão a (preposição) + aquelas obras.” = “Ele fez alusão àquelas obras.”
“Prefiro isso a (preposição) + aquilo.” = “Prefiro isso àquilo.”

Observação 1: Se o verbo for transitivo direto, não há preposição, por isso não ocorre crase:
“A secretária escreveu (TD) a carta (OD).” (a = artigo definido)
“Ele não encontrou (TD) as professoras (OD).” (as = artigo definido)
“A testemunha acusou (TD) a da direita.” (a = pronome = aquela da direita)
“Não reconheci (TD) as que saíram.” (as = pronome = aquelas que saíram)
“Nós já lemos (TD) aquele livro (OD).”
“Ainda não vi (TD) aquilo (OD).”

Observação 2: Para comprovarmos a crase, o melhor “macete” é substituir o substantivo feminino por um masculino. Comprovamos a crase se o “à” se transformar em “AO”:
“Ele se referiu à carta.” (=ao documento)
“Ele entregou o documento às professoras.” (=aos professores)
“Sua camisa é igual à do meu pai.” (=seu casaco é igual ao do meu pai)
“Ele fez referência às que saíram.” (=aos que saíram)
Observe a diferença:
“A secretária escreveu a carta.” (=o documento)
“Ele não encontrou as professoras.” (=os professores)
“A testemunha acusou a da direita.” (=o da direita)
“Não reconheci as que saíram.” (=os que saíram)
“Ele se referiu a esta carta.” (=a este documento)
“Tráfego proibido a motocicletas.” (=a caminhões)
Este “macete” não se aplica no caso dos pronomes aquele(s), aquela(s) e aquilo.

 

"-ram e -rão"

Terminações -ram e -rão
As terminações verbais -ram e -rão são utilizadas de modos distintos

Imagine que você estivesse contando uma história sugerida pela sua professora e, bem no meio da história, surgisse uma dúvida:

“Terminaram ou terminarão”, “gritaram ou gritarão”?
Caso isso de fato já tenha ocorrido, não se preocupe, pois faz parte das muitas dúvidas e dos muitos “enganos” que às vezes cometemos quando estamos redigindo um texto. O que não é aconselhável é deixar que essas dúvidas permaneçam para sempre, não é verdade?

Pois bem, um dos aspectos que devemos ter em mente é o fato de reconhecermos que essas terminações se referem às várias formas verbais que conhecemos, e o outro aspecto é que elas se mostram muito semelhantes quando pronunciadas. Talvez esses sejam os motivos para tantas confusões!!!

Dessa forma, de modo a evitarmos que isso aconteça, iremos analisar as duas terminações em todos os seus aspectos, observe:

Os alunos entraram agora.

Os alunos entrarão agora.

As terminações “-ram” e “-rão” possuem aspectos específicos


Como você pôde perceber, ambas as terminações somente apresentam semelhanças no que se refere à pessoa verbal – representando a 3ª pessoa –, embora saibamos que elas pertencem a tempos verbais distintos. Entretanto, em outros aspectos, identificados na tabela acima, elas se diferenciam. E são exatamente essas diferenças que devemos ter em mente no momento de usar tais construções, optando sempre pelo modo correto.