Friday, January 4, 2013

Saiba quando se deve usar a crase

Diante de nomes de lugar


Vou a ou à Brasília? Vou a ou à Bahia?
O certo é: “Vou a Brasília” e “Vou à Bahia”.
Por que só ocorre crase no segundo caso?
Quando vamos, sempre vamos a algum lugar. O verbo IR pede a preposição “a. O problema é que o nome do lugar aonde vamos às vezes vem antecedido de artigo definido “a”, às vezes não.
Enquanto Brasília não admite artigo definido, a Bahia é antecedida do artigo definido “a. Isso significa que você “VAI À BAHIA” (=preposição “a” do verbo IR + artigo definido “a” que antecede a Bahia) e que você “VAI A BRASÍLIA” (=sem crase, porque só há a preposição “a” do verbo IR).
Se você quer saber com mais rapidez se deve IR À ou A algum lugar (com ou sem o acento da crase), use o seguinte “macete”:
Antes de IR, VOLTE.
Se você volta “DA”, significa que há artigo: você vai “À”;
Se você volta “DE”, significa que não há artigo: você vai “A”.
Exemplos:
“Você volta DA Bahia” > “Você vai à Bahia.”
“Você volta DE Brasília” > “Você vai a Brasília.”
Vamos testar o “macete” em outros exemplos:
“Vou à China.” (=volto DA China)
“Vou a Israel.” (=volto DE Israel)
“Vou à Paraíba.” (=volto DA Paraíba)
“Vou a Goiás.” (=volto DE Goiás)
“Vou a Curitiba.” (=volto DE Curitiba)
“Vou à progressista Curitiba.” (=volto DA progressista Curitiba)
“Vou à Barra da Tijuca.” (=volto DA Barra da Tijuca)
“Vou a Botafogo.” (=volto DE Botafogo)
No Rio de Janeiro, a linha 1 do nosso metrô é bem interessante: só ocorre crase num caso:
“Vou à Tijuca.” (=volto DA Tijuca);
“Vou a Ipanema.” (=volto DE Ipanema).
É importante lembrar que este “macete” não se aplica a todos os casos de crase. Na verdade, ele resolve o problema das “viagens”: IR à ou a, DIRIGIR-SE à ou a, VIAJAR à ou a, CHEGAR à ou a
Vamos testar o “macete”.
“Uma estrada liga a Suíça a Itália; outra liga a Espanha a Portugal.”
Em que “estrada” ocorre crase?
Você acertou se respondeu a primeira. Por quê?
Porque só há artigo definido antes da Itália. Observe o “macete”: “volto DA Itália” e “volto DE Portugal”. Portanto: “Uma estrada liga a Suíça à Itália; outra liga a Espanha a Portugal.”

Vou à ou a Roma? Vou à ou a antiga Roma?
O certo é: “Vou a Roma” e “Vou à antiga Roma”.
Podemos usar o “macete” do verbo VOLTAR:
“Volto DE Roma” e “Volto DA antiga Roma”.
Observe que não há artigo antes de Roma. O artigo aparece se houver um adjetivo ou termo equivalente:
“Vou a Paris.” (=volto DE Paris)
“Vou à Paris dos meus sonhos.” (=volto DA Paris dos meus sonhos)
“Vou a Porto Alegre.” (=volto DE Porto Alegre)
“Vou à bela Porto Alegre.” (=volto DA bela Porto Alegre)
“Vou a Londres.” (=volto DE Londres)
“Vou à Londres do Big Ben.” (=volto DA Londres do Big Ben)

Uso correto da crase

1. Vou à ou a terra?
O certo é: “Vou a terra.” A palavra TERRA, no sentido de “terra firme, chão” (= oposto de bordo), não recebe artigo definido, logo não haverá crase.
Observe o macete: “volto DE terra”.
Ao viajar de avião, podemos observar a ausência do artigo definido antes da palavra TERRA (=terra firme). Quando o avião está aterrissando, uma das comissárias de bordo vai ao microfone e diz: “Para voos de conexão e mais informações, procure o nosso pessoal em terra.” Por que não na terra? Porque é em terra firme, e não no planeta Terra. Em outras palavras, o que ela quer dizer é o seguinte: “Não me chateie a bordo do avião, vá ao balcão da companhia no aeroporto.”
Qualquer outra TERRA, inclusive o planeta Terra, recebe o artigo definido. Portanto, haverá crase:
“Vou à terra dos meus avós.” (=volto DA terra dos meus avós)
“Cheguei à terra natal.” (=volto DA terra natal)
“Ele se referiu à Terra.” (=volto DA Terra / do planeta Terra)
Observe a diferença:
“Depois de tantos dias no mar, chegamos a terra.” (=terra firme)
“Depois de tantos dias no mar, chegamos à terra procurada.”

2. Vou à ou a casa?
O certo é: “Vou a casa.” A sua própria casa não “merece” artigo definido.
Observe: Se “você vem DE casa” ou se “você ficou EM casa”, só pode ser a sua própria casa.
Qualquer outra casa vem antecedida de artigo definido. Isso significa que haverá crase:
“Vou à casa dos meus pais.” (=volto DA casa dos meus pais)
“Vou à casa de Angra.” (=volto DA casa de Angra)
“Vou à casa José Silva.” (=volto DA casa José Silva)
“Vou à casa do vizinho.” (=volto DA casa do vizinho)
“Vou à casa dela.” (=volto DA casa dela)
Não haverá crase somente quando a palavra CASA estiver sem nenhum adjunto:
“Ele ainda não retornou a casa desde aquele dia.”

Veja quando há mais de uma resposta para o uso da crase

1. Vou à ou a minha casa?
Tanto faz. É um caso facultativo. Pode haver crase ou não. A diferença é a presença do pronome possessivo minha antes da casa. Antes de pronomes possessivos é facultativo o uso do artigo; sendo assim, facultativo também será o uso do acento da crase: “Vou a ou à minha casa.”; “Fez referência a ou à tua empresa.”; “Estamos a ou à sua disposição.”
O uso do acento da crase só é facultativo antes de pronomes possessivos femininos no singular (=minha, tua, sua, nossa, vossa).
Se for masculino, não há crase: “Ele veio a ou ao meu apartamento”; “Estamos a ou ao seu dispor.”
Se estiver no plural,
a) haverá crase (preposição a + artigo plural as): “Fez referência às minhas ideias.”; “Fez alusão às suas poesias.”
b) não haverá crase (preposição a, sem artigo definido): “Fez referências a minhas ideias.”; “Fez alusão a suas ideias.”
2. Ele se referiu à ou a Cláudia?
Tanto faz. É outro caso facultativo.
Antes de nomes de pessoas, o uso do artigo definido é facultativo. Portanto, em se tratando de nome de mulher, pode ou não ocorrer a crase.
Quando se trata de pessoas que façam parte do nosso círculo de amizades, com as quais temos uma certa intimidade, usamos artigo definido. Isso significa que devemos usar o acento da crase: “Refiro-me à Cláudia.” (=pessoa amiga)
Quando se trata de pessoas com as quais não temos nenhuma intimidade, não há o acento da crase porque não usamos artigo definido antes de nomes de pessoas desconhecidas ou não amigas: “Refiro-me a Cláudia.” (=pessoa desconhecida ou não amiga)
Antes de nomes próprios de pessoas célebres não se usa artigo definido. Isso significa que não haverá acento da crase: “Ele fez referência a Joana d’Arc.”; “Fizeram alusão a Cleópatra.”

Crase não é acento! Conheça os macetes para não errar

Você sabia que CRASE não é acento? Crase é a fusão de duas vogais iguais, é a contração de dois “aa”. Acento grave (`) é o sinal que indica a crase (a + a = à).
Para haver crase, é necessário que existam dois “aa”. O primeiro a é preposição; o segundo pode ser:

1) artigo definido (a/as):
“Ele se referiu a (preposição) + a (artigo) carta.” = “Ele se referiu à carta.”
“Ele entregou o documento a (preposição) + as (artigo) professoras.” = “Ele entregou o documento às professoras.”

2) pronome demonstrativo (a/as):
“Sua camisa é igual a (preposição) + a (pronome = a camisa) do meu pai.” = “Sua camisa é igual à do meu pai.”
“Ele fez referência a (preposição) + as (pronome = aquelas) que saíram.” = “Ele fez referência às que saíram.”

3) vogal a inicial dos pronomes aquele, aqueles, aquela, aquelas e aquilo:
“Ele se referiu a (preposição) + aquele livro.” = “Ele se referiu àquele livro.”
“Ele fez alusão a (preposição) + aquelas obras.” = “Ele fez alusão àquelas obras.”
“Prefiro isso a (preposição) + aquilo.” = “Prefiro isso àquilo.”

Observação 1: Se o verbo for transitivo direto, não há preposição, por isso não ocorre crase:
“A secretária escreveu (TD) a carta (OD).” (a = artigo definido)
“Ele não encontrou (TD) as professoras (OD).” (as = artigo definido)
“A testemunha acusou (TD) a da direita.” (a = pronome = aquela da direita)
“Não reconheci (TD) as que saíram.” (as = pronome = aquelas que saíram)
“Nós já lemos (TD) aquele livro (OD).”
“Ainda não vi (TD) aquilo (OD).”

Observação 2: Para comprovarmos a crase, o melhor “macete” é substituir o substantivo feminino por um masculino. Comprovamos a crase se o “à” se transformar em “AO”:
“Ele se referiu à carta.” (=ao documento)
“Ele entregou o documento às professoras.” (=aos professores)
“Sua camisa é igual à do meu pai.” (=seu casaco é igual ao do meu pai)
“Ele fez referência às que saíram.” (=aos que saíram)
Observe a diferença:
“A secretária escreveu a carta.” (=o documento)
“Ele não encontrou as professoras.” (=os professores)
“A testemunha acusou a da direita.” (=o da direita)
“Não reconheci as que saíram.” (=os que saíram)
“Ele se referiu a esta carta.” (=a este documento)
“Tráfego proibido a motocicletas.” (=a caminhões)
Este “macete” não se aplica no caso dos pronomes aquele(s), aquela(s) e aquilo.

 

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